Por Raphael Rolim*
Já está parecendo “disco arranhado” (expressão antiga utilizada para dizer sobre algo repetitivo, alguém que fala irritantemente da mesma coisa sem parar). Volta e meia temos a discussão sobre a abertura de uma estrada que nunca foi estrada, a Estrada do Colono. A pressão sobre o Parque Nacional do Iguaçu (PARNA Iguaçu) dá-se de maneira sorrateira. O PARNA Iguaçu é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e objeto de preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Nele são possíveis a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, recreação e turismo desde que seguidas as regras legais. A tentativa de golpe ocorre pela possibilidade da criação de uma nova categoria de unidade de conservação, a estrada-parque. Desta maneira poderia ocorrer o recorte de uma estrada em uma unidade de conservação de proteção integral.
Este trecho de pouco mais de 17 quilômetros era um antigo caminho que foi transformado em estrada por volta de 1950.O Ministério Público Federal obteve o fechamento da Estrada do Colono em 1986, ocorrendo uma reabertura ilegal em 1997. No ano de 2001, uma ação envolvendo o Exército Brasileiro, a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) deu cumprimento à ordem judicial que resultou no fechamento definitivo da estrada.
Há inclusive um relatório da Polícia Federal apontando como era a atividade na antiga Estrada do Colono reaberta ilegalmente. Esta instituição afirma que no passado a estrada era “largamente utilizada por criminosos como caminho para transportar mercadorias ilícitas, armas, munições e drogas, além de facilitar a prática de crimes ambientais” e que a reabertura “seria mais um complicador no que se refere ao controle de nossas fronteiras”.
Algumas organizações não governamentais já alertaram à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e à União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) sobre a nova tentativa de abertura da estrada e aguardam que a pressão internacional ajude a evitar a abertura. Não podemos abrir mão deste nosso patrimônio. Abertura da Estrada do Colono: NÃO!
* Raphael Rolim é Biólogo (CRBio 66.032/07-D), conselheiro do Conselho Regional de Biologia da 7ª Região – CRBio-07
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