No artigo “Cercas-vivas para dissuasão de onças, o resgate de uma tecnologia esquecida”, publicado no último quadrimestre de 2022 pela revista científica Brazilian Journal of Animal and Environmental Research (BJAER), pesquisadores brasileiros identificam espécies botânicas com potencial para cercas-vivas e propõem modelos teóricos, visando à mitigação dos conflitos entre predador-pecuária e que atuem na conservação da onça-pintada e da onça-parda.
A pesquisa consistiu na aplicação de 40 questionários presenciais e online a especialistas em Botânica. Os questionários, com cinco perguntas, instigaram os entrevistados a sugerir espécies botânicas baseadas nos hábitos de crescimento e nas características de inibição ou barreira contra felinos de grande porte. Foram identificadas 65 espécies botânicas de 19 famílias, sendo: 24 palmeiras, 19 arbóreas, 14 arbustivas e 8 herbáceas.
Com base na lista de espécies sugeridas, foram criados três modelos teóricos das cercas-vivas compostos por quatro fileiras de plantios com estratos diferentes com as espécies mais sugeridas nos questionários. Cada estrato apresenta uma função antipredação, além de trazer algum benefício para o produtor, como bens e serviços.
De acordo com os autores, a utilização das cercas-vivas proposta na pesquisa, aliada a métodos de manejo e controle de danos causados por animais silvestres, aumenta as chances de mitigação de conflitos entre criadores de animais domésticos e grandes felinos silvestres.
Entre os autores da publicação estão os Biólogos Rogério Fonseca (CRBio 52.138/06-D), doutor em Ecologia Conservação e Manejo da Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Marlus Queiroz Almeida (CRBio 73.514/06-D), doutor em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.