Há exatos 30 anos, no dia 3 de junho de 1992, começava no Rio de Janeiro a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 e Rio 92. O encontro, que se encerrou no dia 14 daquele mês, reuniu delegações de 175 países.
Um dos momentos mais marcantes da Eco-92 foi o discurso de uma menina de 12 anos, que fez com que não apenas os participantes da conferência, mas o mundo todo parasse para ouvi-la. A canadense Severn Cullis-Suzuki, filha de um geneticista e ativista ambiental e de uma escritora, iniciou seu pronunciamento dizendo: “Nós levantamos todo o dinheiro para vir aqui, oito mil quilômetros para dizer a vocês, adultos, que vocês devem mudar seu modo de agir. Ao vir aqui hoje eu não preciso disfarçar o motivo. Estou lutando pelo meu futuro. Perder meu futuro não é como perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores. Estou aqui para falar a todas as gerações vindouras”.
Em pouco mais de seis minutos, Severn alertou para o desperdício, falou sobre as incontáveis mortes de animais, expressou seu medo de sair no sol por causa dos buracos na camada de ozônio, demonstrou preocupação com a extinção da fauna e da flora e relatou o que viu e ouviu quando esteve com crianças brasileiras moradoras de favelas dois dias antes do início da cúpula. “Vocês adultos dizem que nos amam, mas eu desafio vocês. Por favor, façam com que suas ações reflitam em palavras”, conclui ela. Assim que agradeceu, foi aplaudida pela plenária por mais de um minuto.
Dez anos depois, Severn concluiu o Bacharelado em Ciências em Ecologia e Biologia Evolutiva na Universidade de Yale. Em 2012, vinte anos depois da Eco-92, ela retornou ao Rio de Janeiro para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada nos dias 13 a 22 de junho. Em seu novo discurso, a agora Bióloga destacou um alerta dos cientistas: “Estamos colocando tanta pressão na atmosfera do planeta, nos oceanos, nos solos, nos sistemas biológicos que nos mantêm vivos todos os dias, que talvez estejamos forçando o equilíbrio natural a um ponto de inflexão parecido com aquele que o planeta sofreu há 12 mil anos com o fim da era glacial. Mas, nesse momento, a transição será causada por humanos”.
Severn enfatizou que 20 anos depois da Rio 92 o mundo não chegou sequer perto de atingir a transição sustentável que se sabia ser necessário naquele momento. Houve ecossistemas que continuaram a declinar em terrível velocidade, de acordo com Biólogos.
As palavras da “menina que silenciou o mundo por cinco minutos” e se tornou Bióloga ecoam, num momento em que as atenções se voltam para a crise climática, o aquecimento global, a devastação de biomas e outras ameaças à biodiversidade.
Veja abaixo o discurso durante a Eco-92 (é necessário ativar a legenda) e logo em seguida o pronunciamento em 2012 (legendado), durante a Cúpula Rio+20: