Orientações para pesquisadores que vão a campo durante a emergência da influenza aviária

21 de junho de 2023

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), que integra o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), publicou uma informação técnica com orientações para pesquisadores e para autorização de pesquisas via Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – Sisbio durante a emergência zoosanitária referente à influenza aviária de alta patogenicidade.

A influenza aviária é uma doença infecciosa causada pelo vírus Alphainfluenzavirus influenzae. O surto atual, que chegou ao Brasil em maio, é causado pelo subtipo de vírus Influenza A (H5N1), que sobrevive bem em ambientes úmidos ou com matéria orgânica como guano.

É uma doença de notificação obrigatória tanto nos animais quanto em humanos. Há um sério risco associado à disseminação da doença, tanto para as aves silvestres quanto em humanos.

Sinais sugestivos de influenza aviária em aves silvestres

Os sinais clínicos neurológicos ou respiratórios sugestivos de influenza aviária em aves silvestres podem incluir um ou mais dos sintomas abaixo:

  • Tremores na cabeça e no corpo;
  • Dificuldade respiratória, como respiração ofegante (respiração pela boca);
  • Coriza nasal e/ou espirros;
  • Letargia e depressão;
  • Decúbito (corpo mantido em posição horizontal, penas arrepiadas ou arrastar das pernas;
  • Falta de resposta à tentativa de apanha;
  • Asas caídas, torção de cabeça e pescoço;
  • Incoordenação e perda de equilíbrio;
  • Edema de face;
  • Olhos fechados e excessivamente lacrimejantes;
  • Excrementos aquosos, descoloridos ou soltos;
  • Andar em círculo e de costas.


Procedimentos perante casos suspeitos

Se houver evidência de ave de qualquer espécie com sinais sugestivos de influenza aviária ou casos de mortalidade inexplicável, o Serviço Veterinário Oficial deve ser notificado imediatamente pelos contatos disponibilizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) ou pelo Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (e-Sisbravet).

Caso o fato ocorra dentro de uma unidade de conservação federal (UC), recomenda-se que um membro da equipe da UC seja alertado, para que o gestor da área possa tomar as medidas necessárias para acompanhamento e redução do risco de contaminação.

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e formas de uso e descarte

Equipes de pesquisa que manipulem animais em áreas de concentração de aves aquáticas devem utilizar adequadamente EPI completo recomendado para pessoas expostas a risco de contaminação pela influenza aviária. É essencial que a equipe conheça a forma de paramentação com o EPI, de retirada após o uso e de descarte adequado. Todas essas informações podem ser encontradas na página do CEMAVE.

Métodos de desinfecção de roupas, calçados e equipamentos

A desinfecção de equipamentos e calçados exige que as superfícies sejam limpas com sabão ou detergente e água abundante. Lave muito bem os calçados, inclusive as solas. Quando as superfícies estiverem limpas, deve-se fazer imersão ou pulverização dos equipamentos e calçados com água sanitária (hipoclorito de sódio 10%) ou álcool desinfetante (etanol 70%), deixando agir por, no mínimo, 10 minutos. As soluções desinfetantes devem ser preparadas diariamente.

O álcool isopropílico é recomendado para desinfetar equipamentos eletrônicos. Desinfetantes não devem ser aplicados no ambiente ou em carcaças.

Acompanhamento do avanço da influenza aviária no Brasil

Pesquisadores que trabalham com aves silvestres em campo devem estar atentos às informações e orientações sobre influenza aiáiria que vêm sendo divulgadas pelo MAPA e pelo ICMBio.

É indispensável que, antes de partir para uma expedição de campo, a equipe de pesquisa verifique se seu local de amostragem encontra-se em área de caso confirmado de influenza, o que pode ser feito acessando o painel disponibilizado pelo MAPA.

Caso a pesquisa seja realizada em uma UC, é importante consultar o gestor da área antes de sair a campo, para verificar eventuais restrições de acesso.