Pesquisa realizada em julho de 2022 pelo Datafolha, a pedido do WWF-Brasil, comprova mais uma vez que a grande maioria dos brasileiros é contrária à liberação da caça de animais. O Instituto entrevistou 2.088 pessoas acima dos 16 anos em todas as regiões do país, que responderam duas perguntas: “Você concorda com a ideia de autorizar a caça de animais no Brasil?” e “Votaria em quem apoia a caça no Brasil?”.
Do total de entrevistados, 90% responderam que não concordam, 9% disseram que concordam e 1% afirmou que não sabe ou não quis responder. A maioria das pessoas que rejeitam a caça é de mulheres (92%) e de moradores das regiões metropolitanas (93%).
Nos últimos 20 anos, esta é a terceira pesquisa de âmbito nacional que consolida a visão de que ao menos 90% dos brasileiros são contra a legalização da caça. A primeira foi realizada pelo IBAMA/PNUD em 2003, com 1.676 pessoas nas 27 unidades da federação, sendo que 90,8% dos entrevistados se declararam contra a caça de animais. A segunda pesquisa foi conduzida em 2019 pelo Ibope, por solicitação do WWF-Brasil, com 93% dos consultados se manifestando contra a liberação.
Em nosso país, a caça é permitida apenas em duas situações: para subsistência e para a caça de controle, sendo que neste último caso é autorizada apenas para o javali-europeu e seus híbridos (Sus scrofa), considerado espécie exótica invasora.
Apesar disso, nos últimos quatro anos o registro de CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) triplicou. Desde 2018, o número de armas foi de 350,6 para 1.006.725 no presente ano, segundo dados do Exército obtidos pela Lei de Acesso à Informação pelos Institutos Igarapé e Sou da Paz.
Projeto de lei que pretende regulamentar a prática tramita no Congresso
Ainda segundo a pesquisa, 88% dos entrevistados responderam que não votariam em quem defende a liberação da caça, 10% afirmaram que votariam e 2% não souberam responder. Apesar dessa opinião majoritariamente contrária à liberação, o movimento Todos contra a Caça, que reúne cidadãos e instituições da sociedade civil e já soma quase 1,5 milhão de assinaturas, indica que há 12 projetos de lei a favor da caça em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Entre eles está o PL 5544/2020, que pretende regulamentar a prática da caça esportiva de animais envolvendo atos de perseguição, captura e abate, que está pronto para ser votado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara (CMADS). Após análise, ainda deverá passar pelas Comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de ser votado em plenário.
Para o Biólogo Paulo Pizzi (CRBio 8.082/07-D), presidente do Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais e conselheiro do Conselho Regional de Biologia da 7ª Região – CRBio-07, projetos como esse contrariam a vontade da grande maioria dos brasileiros e somente servem aos interesses de lobbies da indústria de armamento e de uma minoria que defende legalizar a caça esportiva no país, com práticas cruéis de perseguição e abate de animais – inclusive os silvestres nativos -, sendo que biólogos e médico-veterinários são tecnicamente habilitados para efetuar o manejo e o controle de animais sem a necessidade de instituir temporadas de caça esportiva no Brasil. Pizzi sugere visitar a plataforma Farol Verde para verificar quais candidatos à (re)eleição ao Congresso Nacional em outubro de 2022 estão alinhados com “propostas verdes”, inclusive contra a legalização da caça.