Pesquisa realizada no Paraná resulta em tecnologia sustentável para controle de ácaro vermelho em galinhas

7 de fevereiro de 2020

* Matéria publicada na edição nº 41 da Revista BIOPARANÁ. Confira a edição completa aqui.

 

Uma pesquisa desenvolvida no Paraná inovou ao desenvolver uma tecnologia eficaz e sustentável para o controle do ácaro-vermelho-de-galinhas-poedeiras (Dermanyssus gallinae). Ectoparasitas comuns em aves, esses ácaros representam um sério problema sanitário para a avicultura comercial, pois levam à perda excessiva de sangue, além de causar distúrbios fisiológicos e comportamentais que afetam diretamente a saúde das aves.

O contrato para a formulação e utilização da nova tecnologia foi firmado entre a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), a Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação (Fundep), e a empresa Vetscience Bio Soutions Ltda, sediada na cidade de Maringá.

Desenvolvida pela equipe de pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia Agrícola da Unioeste, do Câmpus de Cascavel, a tecnologia é inovadora pois envolve uso de diatomáceas em suspensão aquosa, sendo uma alternativa não química, segura, que não afeta a saúde das aves, não cria resistência na população e não deixa resíduos nas aves ou nos ovos, como explica o Biólogo e professor Dr. Luis Francisco Angeli Alves (CRBio 10.267/07-D), coordenador do projeto.

No lugar de acaricidas químicos, o resultado da pesquisa é um produto de origem mineral (terra de diatomáceas) e em pó, que por meio da adição de adjuvantes tornou-se passível ser utilizado de forma líquida, em pulverizações. O produto destrói fisicamente a superfície dos ácaros, desgastando o esqueleto externo, de forma a levar à perda excessiva de água e morte dos parasitas em todas as suas fases de vida.

“É comprovadamente seguro para as aves, para o meio ambiente e para o ser humano. Trata-se de algo inovador no contexto da avicultura brasileira e segue uma tendência mundial nessa categoria de produtos para o controle de ácaros”, explica Alves, comentando que o controle de pragas sem utilização de químicos é uma necessidade percebida mundialmente e uma tendência já fora do Brasil, que aos poucos cresce também no mercado nacional. “A comunidade europeia tem investido altos valores nesse tipo de alternativa sustentável, que não desenvolva resistência nas pragas, que não afete a saúde dos animais e humanos e conserve o meio ambiente. Conseguimos aqui no Paraná desenvolver e testar uma tecnologia que atende essa necessidade do mercado”.

Para o pesquisador, o resultado pode abrir novas oportunidades de trabalho para Biólogos no Paraná, seja na atuação no monitoramento da praga ou no desdobramento de novas pesquisas alinhadas ao contexto da produção animal de forma orgânica.

Com o produto comercialmente denominado de Fisicontrol, o projeto entra agora na etapa de registro junto aos órgãos competentes, para poder depois ser disponibilizado ao mercado. “Cremos que terá aceitação porque os químicos atualmente utilizados não são efetivos, visto que os ácaros são resistentes, além de haver todo o valor ambiental e de saúde animal e humana agregados”.

O estudo contou com a participação de alunos do curso de graduação em Ciências Biológicas – Bacharelado e do Programa de Pós-graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais (PPRN). Os resultados são fruto da dedicação de mais de cinco anos da equipe, que contou com apoio logístico da Lar Cooperativa Agroindustrial e financiamento do Conselho Nacional de Ciência e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio da concessão de bolsas de estudo de distintas modalidades, além da própria empresa Vetscience Bio Solutions Ltda.

Dermanyssus gallinae é um ácaro hematófago, popularmente denominado “ácaro-vermelho-de-galinhas-poedeiras” ou “micuim”. É erroneamente chamado de “piolho-de-galinha”, pois não se trata de um inseto. Pertence à ordem Mesostigmata e à família Dermanyssidae. Um levantamento em aviários industriais de postura do Estado de São Paulo constatou que 25,6% das granjas apresentavam esse ectoparasita.

Fonte: Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária – ISSN 1984-2961