Muito mais que conceito, Selo do CFBio reconhece excelência

5 de outubro de 2017

Por Juliana Dotto

Desde 2015, os cursos de Ciências Biológicas ganharam mais uma chancela de reconhecimento de excelência. Iniciativa do Conselho Federal de Biologia, o Selo CFBio de Qualidade de Cursos de Ciências Biológicas já premiou, em suas duas edições, 23 cursos de diferentes instituições. Dentre os 18 reverenciados neste ano, dois paranaenses: os cursos de bacharelado da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidade Positivo (UP). A outorga aconteceu no dia 15 de setembro, durante o Fórum Nacional do Sistema CFBio/CRBios e Coordenadores de Cursos de Ciências Biológicas, no Hotel Mercure Brasília Líder, na capital federal.

Esta foi a segunda edição do Selo, que tem por objetivo reconhecer, a cada dois anos, cursos de Graduação em Ciências Biológicas que primam por sua qualidade e que seguem determinações do Sistema CFBio/CRBios, atendendo critérios rigorosos em acordo com a Resolução CFBio no 352/2014 e a Portaria CFBio no 212/2016. “O prêmio é um incentivo para a constante melhoria da formação dos nossos colegas Biólogos. Uma comenda que, sem dúvida, contribui para a melhoria da qualidade dos cursos, pelo reconhecimento público às classificadas”, avalia o presidente do CRBio-07, Jorge Augusto Callado Afonso (08.085/07-D).

Um dos requisitos de pré-seleção das Instituições de Ensino Superior (IES) é ter conceito igual ou superior a quatro no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Neste sentido, mais de 180 cursos em todo o Brasil poderiam candidatar-se ao prêmio em 2017, levando em consideração a última avaliação da área no exame nacional, em 2014. Do Paraná, 17 cursos, tanto de licenciatura quanto de bacharelado, estavam aptos a participar com base no conceito do Enade.

“Ser convidado a participar do certame já é, por si só, um importante reconhecimento”, indica a coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UP, Ana Aparecida Nogueira Meyer (28.745/07-D). “Participamos em 2015, mas não obtivemos o Selo. Neste ano, recebemos a outorga. Vamos continuar nos inscrevendo sempre que estivermos habilitados, pois acreditamos que o Selo reconhece o trabalho conjunto, desenvolvido pela universidade, coordenação de curso, corpo docente, alunos e egressos”, acentua.

Para Marcelo Ricardo Vicari (108.214/07-D), coordenador do curso de bacharelado em Ciências Biológicas da UEPG, além do conceito do Enade, “ser avaliado pelo Conselho Federal de Biologia, por pares Biólogos, é mais um importante fator de balizamento do caminho trilhado. Reconhecimento do cumprimento de nossas atividades de formar bons profissionais e de termos ciência de que as atividades e melhorias pedagógicas e profissionais devem ser constantes”, complementa Vicari.

Critérios
O Biólogo Laurindo Dalla Costa (28.760/07-D), um dos dois conselheiros federais do Paraná no CFBio, foi convidado para integrar a comissão de seleção nas duas edições do Selo. “A nomeação acontece por meio de Portarias do CFBio. Nesta última, a comissão foi formada por cinco conselheiros federais e uma Bióloga. Além de mim, Vera Lúcia Maróstica Callegaro (002394/03-D) e Maria Cecília Bello de Lima (Bióloga convidada) como vogais, compunham a comissão Sandra Farto Botelho Trufem (001527/01-D), como coordenadora; Lourdes Maria Abdu El-Mor Loureiro (016399/04-D), como secretária; e Fátima Cristina Inácio de Araújo (003868/02-D) como suplente.”

De acordo com Dalla Costa, os cursos inscritos ao Selo são avaliados conforme 18 quesitos, que vão desde a matriz curricular, titulação dos docentes e coordenador, até número de registrados nos Conselhos Regionais. “Cada item tem um peso e a pontuação máxima que o curso pode obter, satisfazendo todos os indicadores avaliativos, é de 200 pontos. Recebem o Selo, os cursos que obtêm pelo menos 150 pontos”, explica o conselheiro.

“A responsabilidade é muito grande por se tratar de avaliar cursos do Brasil inteiro, de renomadas universidades públicas e privadas. Assumi a comissão buscando indubitavelmente a imparcialidade e conhecimento profundo dos itens avaliados no cumprimento do regulamento do Selo”, salienta Laurindo Dalla Costa.

Reconhecimento
Na avaliação dos paranaenses contemplados, o Selo carrega muitos fatores positivos. “Gera visibilidade ao curso e à instituição, chegando até a empresas que desejam contratar Biólogos. No ambiente acadêmico, estimula egressos a buscarem mais qualificação e aumenta a autoestima dos acadêmicos e corpo docente. Ao mesmo tempo, impõe responsabilidade de continuar em posição de destaque nacional”, destaca Vicari.

“Para nós, é muito importante destacar o Paraná na formação dos futuros Biólogos. Tivemos, nesta edição, uma universidade privada e outra pública. Isso significa que nas duas modalidades de gestão os critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de Biologia estão sendo atendidos”, enfatiza o presidente do CRBio-07.

Laurindo Dalla Costa entende que apoiar o Selo é, sim, uma preocupação dos Conselhos. “O CFBio tem de zelar pelos Biólogos do Brasil. A instituição do Selo nada mais é do que buscar cumprir as competências estabelecidas em lei. Isso estimula a melhora da qualidade dos cursos para que egressos ingressem melhor preparados ao mercado do trabalho”, frisa.

Segundo Ana Meyer, da UP, o Selo traz mudanças na concepção, objetivos e condução do curso, mas “representa um marco na sua trajetória de sucesso e assegura que o trabalho realizado contribui para a formação de profissionais de Biologia qualificados para o desempenho de funções nas diferentes áreas de atuação do Biólogo”, compreende.

Diferenciais
Quando indagados sobre os fatores que acreditam ter sido cruciais para a conquista do Selo, os coordenadores da UEPG e UP apostam em visões semelhantes. “Acreditamos que a conquista foi resultado dos diferenciais do curso, como um projeto pedagógico moderno, com inserção de disciplinas que conduzem à profissionalização, à inserção no mercado de trabalho e à produção Científica, indissociabilizando teoria e prática na formação profissional, além do acompanhamento dos egressos”, ratifica Ana Meyer.

Na UEPG, a questão dos egressos também foi indicada. “Acredito que o excelente desempenho dos formados pelo curso, nas atividades profissionais e acadêmicas (mestrado e doutorado), contribuíram para a conquista. Além disso, a matriz curricular básica somada a inúmeras opções para a formação específica e profissional são alguns de nossos pontos fortes. Outro importante fator, são os projetos de pesquisa, programas de extensão e estágios profissionais”, declara Marcelo Vicari.

Próxima edição
A próxima edição do Selo acontece em 2019, entretanto, as universidades interessadas já podem preparar-se para se inscrever à comenda. “É muito importante que todas participem. Isso demonstra sintonia com o que a sociedade e o mercado de trabalho exigem. Felizmente, as universidades do Paraná estão participando cada vez mais a cada ano, na busca do Selo de qualidade do Conselho Federal”, argumenta Jorge Augusto Callado Afonso.

No final do próximo ano, antecipa Laurindo, os membros da comissão do Selo 2019 devem levantar quais os cursos e universidades estarão aptas a inscrever-se ao certame. “O levantamento é feito a partir do Enade e, tendo a relação das IES aptas em mãos, o CFBio se encarrega de enviar correspondências, convidando uma a uma a participar”, detalha.

Os resultados alcançados, observa Ana Meyer, sejam positivos ou negativos, levam a reflexão. “Partindo desta premissa, creio que muitos planos serão revistos e programas complementares serão criados, o que contribuirá para o avanço na qualidade da formação do Biólogo no Brasil”, assinala.

Nesse sentido, Marcelo Vicari acredita ser uma concorrência salutar, que estimula o desenvolvimento. “Cursos que neste momento não foram contemplados não podem desanimar. Devem observar os motivos que levaram a não obter o Selo. Tenho a felicidade de trabalhar com colegiado, corpo docente e discente com amplo espírito crítico. Desta maneira, sabemos de nossos pontos fortes e temos trabalhado para melhorar algumas situações pedagógicas e profissionais”, assegura.

Premiados 1ª edição / 2015:
Faculdade Redentor – RJ (bacharelado)
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – MG (bacharelado)
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – MG (licenciatura)
Universidade de Caxias do Sul – RS (bacharelado)
Universidade de Pernambuco – PE (bacharelado)
Universidade Estadual do Maranhão – MA (licenciatura)
Universidade Federal de Lavras – MG (bacharelado)
Universidade Feevale – RS (bacharelado)
Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP (licenciatura)
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – RS (licenciatura)
Universidade Vila Velha – ES (bacharelado)

Premiados 2ª edição / 2017:
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – MG (licenciatura)
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – MG (bacharelado)
Universidade Católica de Brasília – DF (bacharelado)
Universidade Comunitária da Região de Chapecó – SC (licenciatura)
Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR (bacharelado)
Universidade Estadual do Maranhão – MA (licenciatura)
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – RN (licenciatura)
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – SP (bacharelado)
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – SP (licenciatura)
Universidade Federal da Bahia – BA (licenciatura)
Universidade Federal de Campina Grande – PB (licenciatura)
Universidade Federal de São Paulo – SP (bacharelado)
Universidade Federal do Amazonas – AM (licenciatura)
Universidade Feevale – RS (bacharelado)
Universidade Positivo – PR (bacharelado)
Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP (licenciatura)
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – RS (licenciatura)
Universidade Vila Velha – ES (bacharelado)

Quesitos avaliados:
Objetivos do curso; perfil profissional; matriz curricular, diretrizes nacionais; matriz curricular, competência dos egressos; trabalhos de conclusão de curso; estágio curricular supervisionado; programas institucionais especiais; projetos de pesquisa e extensão; coordenador do curso bacharel ou licenciado em Ciências Biológicas; coordenador do curso registrado em CRBios; percentual de professores Biólogos acima de 50%; percentual de professores Biólogos com registro em CRBios acima de 50%; titulação do corpo docente percentual de doutores acima de 50%; regime de trabalho do corpo docente acima de 30% de tempo integral; nota do Conceito Preliminar do Curso (CPC) acima de 4; nota do Enade acima de 4; egressos registrados em CRBios nos dois últimos anos acima de 25%; egressos registrados em CRBios nos dois últimos anos acima de 50%.