Um século depois da gripe espanhola, vacinas encontram resistência

4 de abril de 2019

Há 100 anos, o mundo sofreu com os efeitos da gripe espanhola, considerada por estudiosos como a pandemia mais fatal da história, responsável pela morte de mais de 50 milhões de pessoas. O episódio é fruto de diversos fatores, como o pouco conhecimento sobre virologia e a consequente inexistência das vacinas. Um século depois, cresce no planeta um movimento de resistência à vacinação, baseado em desinformação e compartilhamento de notícias falsas. A onda já é vista pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das dez principais ameaças globais à saúde em 2019.

A letalidade da gripe deveu-se em grande parte à falta de suporte para o controle da doença. Na época ainda não havia um amplo conhecimento em virologia e a cepa causadora da gripe (vírus) era particular e extremamente patogênica. A epidemia, porém, estimulou a realização de pesquisas e estudos para o desenvolvimento de uma vacina para o vírus.

Foi a partir dessa busca que o vírus Influenza A H1N1 foi isolado em 1934, no Reino Unido. “Graças a estes esforços, as vacinas eficazes que hoje são administradas regularmente na população de alto risco puderam ser licenciadas desde os anos 1940”, afirma Alisson Meza de Souza (100.480/01-D), Biólogo e professor das disciplinas do curso de Biomedicina do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande (MS).

Alisson Meza de Souza

O Biólogo Alisson Meza de Souza explica que as vacinas são a melhor maneira de combater as doenças infecciosas.

Crédito: Arquivo pessoal

Em 1944, foi desenvolvida a primeira vacina contra a gripe pela Universidade de Michigan, enquanto, no Brasil, foi lançada em 1948, pelo Instituto Butantan. Nos anos seguintes, também foram produzidas a vacina bivalente (contra o H1N1 e o Influenza B) e, posteriormente, a trivalente (contra o Influenza H1N1 e H2N3 e o B).

Desde sua criação, as campanhas de vacinação foram responsáveis pela redução da incidência de doenças como tuberculose, coqueluche, sarampo, poliomielite e rubéola. No Brasil, as campanhas contra o vírus Influenza contam com um calendário de vacinação sazonal instituído pelo Ministério da Saúde, a partir de 1999. Por conta de sua característica de mutação, todos os anos o Governo Federal oferta uma nova vacina para a população (confira mais sobre essa produção no box).

“Esta espécie pode passar por muitas mutações pontuais em seu genoma quando infecta e replica-se em um hospedeiro. A imunidade obtida anos atrás não surte efeito protetivo se um novo vírus modificado surgir, o que acontece com certa periodicidade. O problema pode se agravar se o vírus influenza A de outros animais recombinar-se com vírus típicos de humanos. Se for suficientemente patogênica, terá grandes chances de causar pandemia e muitas mortes”, explica o Biólogo.

A vacinação anual é essencial para evitar que novas pandemias, como a gripe asiática, de 1957, que causou dois milhões de mortes, e a gripe suína, de 2009, que matou mais de 600 mil pessoas, aconteçam novamente.

“Quem não se vacina não coloca apenas a própria saúde em risco, mas também a de seus familiares e outras pessoas com quem tem contato, além de contribuir para aumentar a circulação de doenças”, Marco Krieger, vice-presidente da Fiocruz.

Confira a matéria completa na revista BIOPARANÁ 39.