Nota do CRBio-07 sobre a transmissão da febre amarela

15 de março de 2018

Em detrimento do atual surto de febre amarela no Brasil, é importante esclarecer que os macacos não transmitem essa doença de natureza viral para os humanos, assim como não ocorre a transmissão entre os humanos. Assim, nossos bugios, saguis e macacos-prego também são vítimas dessa doença infecciosa, como os humanos.

A febre amarela é uma arbovirose (doença transmitida por artrópode) de gravidade variável, não contagiosa, causada pelo Flavivírus (flavus = amarelo), que é transmitido pela picada de fêmeas de mosquitos infectados. A febre amarela ocorre nas zonas tropicais da África e na América Central e do Sul. Uma vez contraído, o vírus mantém-se em incubação no corpo de três a seis dias. Muitas pessoas não apresentam sintomas, mas, quando ocorrem, os mais comuns são febre, dores musculares, dores de cabeça, perda de apetite, náuseas e vômitos. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem após três ou quatro dias.

A forma grave da febre amarela caracteriza-se clinicamente por icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragia (gengivas, nariz, estômago, intestino e urina), cansaço e por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias).

Sob o ponto de vista epidemiológico, existem dois diferentes ciclos de transmissão da febre amarela: o silvestre, também chamado de rural, e o urbano. No ciclo silvestre, os primatas não humanos (macacos) são hospedeiros e os vetores são mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Nesse ciclo, o ser humano é contaminado acidentalmente quando circula próximo de áreas de mata e é picado por mosquitos infectados.

No ciclo urbano, o ser humano é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados. O último registro confirmado de febre amarela urbana no Brasil ocorreu há 76 anos. Embora existam dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão, a doença tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e patológico.

A transmissão, portanto, se dá somente pelo mosquito. Os macacos ajudam a identificar as regiões onde está acontecendo a circulação do vírus, e, por isso, são considerados animais sentinelas para a vigilância epidemiológica, ou seja, são eficientes indicadores de áreas que necessitam de uma investigação epidemiológica mais detalhada e de medidas de controle e educação sanitária.

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais medidas de prevenção incluem a vacinação e o controle da proliferação dos mosquitos vetores. Nos ambientes urbanos e rurais, o controle da febre amarela também engloba a conservação dos habitats dos primatas silvestres. O desmatamento e a matança de macacos, além de graves crimes ambientais, de forma alguma impedem a circulação do vírus da febre amarela. Na verdade, isso apenas prejudica o trabalho de vigilância sanitária em detrimento da eliminação dessa valiosa e insubstituível “sentinela”.

Para saber mais:
Ministério da Saúde
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-amarela-sintomas-transmissao-e-prevencao

Secretaria de Estado da Saúde – Paraná
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3305

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
https://agencia.fiocruz.br/febre-amarela

https://www.facebook.com/oficialfiocruz/

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9416-febre-amarela-macacos-nao-transmitem-a-doenca

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