BIOPARANÁ: Resgate e destinação de fauna silvestre padece no Paraná

31 de agosto de 2018

“Capivara sem rumo vai parar em rodoviária e é cercada por moradores”, “Veado causa transtornos ao invadir salão de beleza na Região de Curitiba”, “Bombeiros resgatam onça parda ‘passeando’ pelas ruas em Mineiros do Tietê”, “Macaco bugio chama a atenção de moradores no bairro Uberaba em Curitiba”. Uma rápida busca pela internet mostra que casos de fauna silvestre circulando por cidades não são raros no país. Com a crescente supressão de áreas verdes, cada vez mais animais silvestres adentram as periferias dos centros urbanos, em busca de alimento e até abrigo. Embora as ocorrências sejam comuns, no Paraná a situação de resgate e destinação de fauna é precária desde o fechamento do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), em Tijucas do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, em março de 2017.

O Departamento de Licenciamento de Fauna do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) informa ter recebido 450 espécimes desde o encerramento das atividades do CETAS. “São animais entregues voluntariamente por pessoas que os ‘encontram’ e trazem para o IAP, pois não realizamos resgate de animais, a não ser em casos extremos, em que esteja em risco de vida ou ameaçando a integridade física das pessoas. Nesse período, não foi identificado nenhum caso desse tipo”, afirma a diretora de Avaliação de Impacto Ambiental e Licenciamentos Especiais do IAP, Edilaine Vieira da Silva.

Nos municípios do interior do Paraná, segundo Edilaine, a gestão da fauna silvestre é efetuada pelos Escritórios Regionais do IAP, que seguem o mesmo padrão de recebimento e destinação dos animais que o Departamento de Licenciamento de Fauna, localizado na sede do órgão, em Curitiba, sob supervisão da Diretoria de Licenciamentos Especiais. “Os animais silvestres recebidos são, preferencialmente, reintroduzidos na natureza, sendo destinados para empreendimentos licenciados pelo IAP (institutos conservacionistas, mantenedores, zoológicos, criadores etc) ou para Termos de Guarda (em último caso), apenas nas hipóteses em que a soltura seja inviável”, explica.

O Biólogo e conselheiro do CRBio-07 Eduardo Carrano (25.845/07-D), que coordenador técnico da Biologia do CETAS/PR entre os anos de 2004 e 2017, recorda que o Centro mantido pela PUCPR/IBAMA era o único do estado. Agora, ressalta, os animais resgatados e apreendidos não encontram mais uma estrutura física adequada, com profissionais capacitados para seu tratamento e recuperação. “Cabe ressaltar que, oficialmente, o IAP é o órgão gestor da fauna e, dessa forma, teria a responsabilidade no recebimento e destinação de animais silvestres oriundos de apreensões ou resgate. O prejuízo é pela própria vida do animal, que, dependendo da espécie e da situação clínica em que se encontra, necessita de cuidados específicos, ou, provavelmente, acabará morrendo”, avalia.

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Exemplar de tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) apreendido de cativeiro ilegal e recebido no CETAS/PR/ Crédito: Ana Carolina Fredianelli