Bióloga alertou em maio para consequências decorrentes da COVID-19 e outras endemias

10 de agosto de 2020

Em artigo publicado no final de maio pelo Journal of Medical Virology, a Bióloga Victoria Stadler (CRBio 108.221/ 07-D) já alertava para os panoramas que o Brasil poderia enfrentar diante de problemas paralelos causados pela COVID-19 e endemias já bem conhecidas em nosso país: arboviroses causadas pelos vírus da Dengue, Zika e Chikungunya.

“Relatamos profunda preocupação com o atual cenário em que o Brasil se encontra, e com a possível sobreposição de curvas de casos. Esse contexto requer atenção urgente, uma vez que pode impactar de maneira devastadora nosso sistema de saúde, questões de saúde pública e questões sociais”, afirmou a Bióloga há dois meses, antevendo o quadro vivenciado hoje no país.

O artigo “Arboviral diseases and COVID‐19 in Brazil: Concerns regarding climatic, sanitation, and endemic scenario” destaca que o Brasil está na temporada de inverno, e esse cenário climático proporciona um período mais longo com alta transmissibilidade de vírus respiratórios como Influenza A H1N1 e H3N2 e Influenza B.

A publicação também ressalta que o país está localizado em uma área geográfica tropical com doenças arbovirais relevantes, já mencionadas anteriormente, e alerta para as disparidades na oferta de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) entre as regiões brasileiras e os sistemas de saúde público e privado – 14 leitos para 10 mil habitantes e 49 leitos para 10 mil habitantes, respectivamente.

O artigo aborda, ainda, a alta incidência de arbovírus em áreas periféricas e comunidades de baixa renda, concomitantemente à disseminação do COVID-19, uma vez que as medidas de saneamento e higiene e o acesso médico são escassos. “Essas questões exigem atenção urgente, uma vez que os casos de infecção e as mortes causadas pela COVID-19 permanecem subdiagnosticados devido à falta de recursos e a epidemia de arbovírus é uma realidade, que pode culminar em uma maior disseminação do SARS-CoV-2 no Brasil, com impactos devastadores no sistema de saúde, saúde pública e condições sociais”, diz o texto.

Confira aqui o artigo (versão em inglês)